Sofrimento

Você  percebe que sofre e quer encontrar uma forma de parar de sofrer. Você então começa a pensar como poderia fazer isto. Começa então a buscar alternativas, maneiras, métodos. Lê, estuda, pratica exercícios, faz terapia, meditação. Escuta mestres, segue gurus, entra para uma seita ou religião.

Nesta busca ouve alguém dizer que o pensamento é o grande causador do sofrimento.

Escuta sobre o não-pensamento e o mundo maravilhoso que ele lhe proporciona.

Começa então buscar este estado paradisíaco chamado não-pensamento.

Lê, estuda, pratica exercícios, faz terapia, meditação.

Escuta mestres, segue gurus, entra para uma seita ou religião.

Abandona os livros, as práticas, a terapia e a meditação.

Não escuta mais mestres, não segue gurus, abandona todas as seitas e religiões.

Pensa que o não-pensamento não depende de nada disto e nem de qualquer destas ações.

Então:

Você  percebe que sofre e quer encontrar uma forma de parar de sofrer. Você começa a pensar porque, apesar de tudo que fez, ainda não conseguiu parar de sofrer. E você continua pensando e sofrendo.

E pensando que ao parar de pensar parará de sofrer.

Até que um dia, vencido pelo cansaço, subitamente você… Realiza a compreensão!

E então:

Você pára de pensar no não-pensamento.

Você pára de pensar em parar de sofrer.

Você simplesmente vai para a almofada e senta em zazen, em meditação.

Você começa a beber chá e comer arroz, limpar tigelas e cuidar da realidade à volta,

Pois antes você perdia o sabor do chá, do arroz e do presente com pensamentos demais.

Você passa então a agir de dentro da não-ação, você se enche de Vazio.

Aí, quando há pensamento, há pensamento.

Quando não há pensamento, não há pensamento.

Quando há sofrimento, há sofrimento. Quando não há sofrimento, não há sofrimento.

Não há mais paraísos. E quando não há paraísos, também não há infernos.

Há apenas o que é.

E o que é, aquilo que se apresenta nesse mesmo momento à sua frente,

É perfeito e completo por inteiro, é o próprio não-pensamento.

Com mil gansos, quem diria!

Tão perto e tão longe!

Gustavo Mokusen.