Que importa?
Que importa teu momentâneo suplício se és imortal?
Que importam teus olhos depauperados se é teu Espírito que vê?
Que importa ter tão pouca audição se é tua Alma que ouve?
Que importa esta momentânea treva se amoroso amplexo de luz te aguarda para além da vida?
Que importa esta árdua luta pela sobrevivência se tudo é palco, cujas cortinas se fecham a qualquer momento devolvendo-te a tão sonhada liberdade?
Que importam os desequilíbrios do teu veículo físico se tua essência imortal não pode adoecer nem morrer jamais?
Que importam esta solidão profunda, carências, brados estéreis por um pouco de compreensão e amor humanos se no cósmico silêncio do Infinito, tua Alma intui e conhece todas as respostas?
Que importa o pálido e insignificante trajeto do teu rio contornando montanhas, saltando abismos se teu destino final é regressar ao grande Oceano do qual um dia saíste?
Que importam as perdas aparentes, as ausências, dos seres amados se ao final da grande viagem, por lei de afinidade desembarcarás na mesma Estação?
Importa apenas prosseguir a despeito de todas as dores e obstruções.
Importa apenas AMAR, única garantia de que não terás vivido em vão... passaporte seguro para a grande travessia.
Porque, tudo o mais não poderás levar e a qualquer momento, terás que deixar.
Fátima Irene Pinto