O pai nunca desiste

10/02/2014 11:00

 

Havia um homem muito rico, possuía muitos bens, uma grande fazenda, muito gado e vários empregados a seu serviço.

Tinha ele um único filho, um único herdeiro, que, ao contrário do pai, não gostava de trabalho nem de compromissos.

O que ele mais gostava era de festas, estar com seus amigos e de ser bajulado por eles.

Seu pai o advertia que seus amigos só estavam ao seu lado enquanto ele tivesse o que lhe oferecer, depois o abandonariam.

Os insistentes conselhos do pai retinham os ouvidos e logo se ausentava sem dar o mínimo de atenção.

Um dia o velho pai, já avançado na idade, disse aos seus empregados para construírem um pequeno celeiro e dentro dele uma forca, e junto a ela uma placa com os dizeres:  “Para você nunca mais desprezar as palavras de seu pai”.

Mais tarde chamou o filho, o levou até o celeiro e disse:  “Meu filho quando eu partir, você tomará conta de tudo o que é meu, e sei qual será o seu futuro”.

“Você vai deixar a fazenda nas mãos dos empregados e irá gastar todo dinheiro com seus amigos, irá vender os animais e os bens para se sustentar, e quando não tiver mais dinheiro, seus amigos iram se afastar de você.

E quando você não tiver mais nada, vai se arrepender amargamente de não ter me dado ouvidos”.

“É por isso que eu construí essa forca, sim, ela é para você, e eu quero que me prometa que se acontecer o que eu disse, você se enforcará nela.”

O jovem riu, achou absurdo, mas, para não contrariar o pai, prometeu e pensou que jamais isso pudesse ocorrer.

O tempo passou, o pai morreu e seu filho tomou conta de tudo, mas assim como se havia previsto, o jovem gastou tudo, vendeu os bens, perdeu os amigos e a própria dignidade.

Desesperado e aflito, começou a refletir sobre sua vida e viu que havia sido um tolo, lembrou-se do seu pai e começou a chorar e dizer:

“Ah, meu pai, se eu tivesse ouvido os teus conselhos, mas agora é tarde, é tarde, é tarde demais”.

Pesaroso, o jovem levantou os olhos e avistou o pequeno celeiro, era a única coisa que lhe restava.

A passos lentos se dirigiu até lá e, entrando, viu a forca e a placa empoeirada e disse:

“Eu nunca segui os conselhos do meu pai, não pude alegrá-lo quando estava vivo, mas pelo menos, desta vez vou fazer a vontade dele, vou cumprir minha promessa, não me resta mais nada”.

Então subiu nos degraus e colocou a corda no pescoço, e disse:

- “Ah se eu tivesse uma nova chance…” -

Então pulou, sentiu a corda por um instante apertar sua garganta, mas o braço da forca era oco e quebrou-se facilmente, o rapaz caiu no chão, e sobre ele caíram joias, esmeraldas, pérolas, diamantes; a forca estava cheia de pedras preciosas, e um bilhete que dizia: Essa é a sua nova chance, de dizer eu te amo muito.

Seu pai.