NÃO TENHA MEDO DE SENTIR MEDO.
O medo, este complexo de reações físicas -- taquicardia ,
suor frio, tremores etc. --- que se expressam de uma forma
dolorosa em nossa mente, é parte dos nossos mecanismos
de autopreservação.
Se ele não existisse, nos defenderíamos mal das adversidades
externas. É sinal de alerta de que corremos alguns risco.
Deve ser tratado como amigo e não como algo do qual
devemos nos livrar.
Em virtude da forma como funciona nosso cérebro, temos a
capacidade de associar o medo a situações já vividas e que
foram consideradas perigosas.
Assim, se levamos um grande susto num desastre de
automóvel, passamos a sofrer por antecipação sempre que
tivermos de entrar num carro. Formam-se medo de situações
onde o risco é muito pequeno e nos quais o sofrimento é
desproporcional a ele.
Uma pessoa pode passar a sentir medo de voar, de andar em
elevadores, de ir a locais que concentrem nuitas pessoas etc.
Se não nos acautelarmos, tenderemos a transformar a lista
dos medos em outra, a das situações que iremos evitar. Na
prática, isso implica fugir das situações que provocam o medo
por força de um risco baixíssimo de sofrimento. Estamos
diante do mau uso de um ótimo equipamento de defesa de que a
natureza nos dotou. Passamos a ter medo de sentir medo.
Este é o mecanismo típico dos reflexos condicionados,
em muitos animais. Temos nossa razão e não
devemos esquecer que isso nos distingue deles de forma
espetacular.
Podemos avaliar com precisão os riscos que corremos.
Podemos decidir quais são os perigos reais e quais os que
derivam de condicionamentos.
Enfrentaremos os que nossa razão sugerir.
Enfrentar é passar medo!
O medo é vencido pela força da razão que se chama coragem.
Quem não tem medo não precisa de coragem.
(Flávio Gikovate)