Miséria

11/03/2013 14:40

 

Mesmo com a miséria você pode ter uma atitude de celebração.

Por exemplo: você está triste – não fique identificado com a tristeza. Torne-se uma testemunha e desfrute do momento de tristeza, porque a tristeza tem sua beleza própria. Você nunca observou. Você fica tão identificado que você nunca penetra na beleza de um momento de tristeza. Se você observar, você ficará surpreso com os tesouros que você esteve perdendo.

Veja – quando você está feliz você nunca é tão profundo como quando você está triste. A tristeza tem uma profundidade nela, a felicidade tem uma superficialidade nela. Vá e observe as pessoas felizes. As assim chamadas pessoas felizes, os boêmios (playboys e playgirls) – nos clubes, nos hotéis, você os encontrará, nos teatros – estão sempre sorrindo e borbulhando de felicidade. Você sempre os achará superficiais, frívolos. Eles não têm nenhuma profundidade.

Felicidade é como as ondas, apenas na superfície; você vive uma vida frívola. Mas a tristeza tem uma profundidade nela. Quando você está triste não é como ondas na superfície, isso é como o muito profundo oceano pacífico: milhas e milhas de profundidade. Mova –se para a profundidade, observe-a. Felicidade é barulhenta, tristeza tem um silêncio nela. A felicidade pode ser como o dia, a tristeza é como a noite. A felicidade pode ser como a luz, a tristeza é como a escuridão. A luz vai e vem, a escuridão permanece – ela é eterna. A luz acontece de vez em quando, a escuridão está sempre lá.

Se você se mover para a tristeza você sentirá todas essas coisas. Subitamente você se tornará cônscio que a tristeza está presente como um objeto, você está observando e testemunhando, e de repente você começa a se sentir feliz. Uma tristeza tão bonita! – Uma flor da escuridão, uma flor de uma profundidade eterna. Como um abismo sem fundo, tão silenciosa, tão musical, não há nenhum ruído de maneira alguma, nenhuma perturbação. A gente pode continuar caindo e caindo em seu infinito, e a gente pode sair dela absolutamente rejuvenescido. È um descanso. Isso depende da atitude.

Quando você fica triste você acha que alguma coisa ruim aconteceu a você. É uma interpretação que alguma coisa ruim aconteceu a você, e então você começa a tentar escapar disso. Você nunca medita sobre isso. Assim você quer ir encontrar alguém, para uma festa, para o clube, ou liga a TV ou o rádio, ou começa a ler os jornais – algo para que você possa esquecer. Essa é uma interpretação errada que foi dada a você – que a tristeza está errada. Nada está errado com ela. É outra polaridade na vida.

Felicidade é um pólo, tristeza é outro pólo. Alegria é um pólo, miséria é outro. A vida consiste de ambos, e a vida é um ritual devido a ambos. Uma vida só de alegria terá extensão, mas não terá profundidade. Uma vida apenas de tristeza terá profundidade, mas não terá extensão. Uma vida com ambas tristeza e felicidade é multidimensional, se move em todas as direções juntas.

Observe a estátua de Buda ou então olhe em meus olhos e você irá encontrar ambas juntas – uma alegria, uma paz, e também uma tristeza. Você irá encontrar uma alegria que contém nela a tristeza também porque essa tristeza dá sua profundidade. Observe a estátua de Buda – alegre, mas ainda assim triste. A própria palavra triste lhe dá conotações erradas – que alguma coisa está errada. Isso é sua interpretação. Para mim, a vida em sua totalidade é boa. E quando você compreende a vida em sua totalidade, só então você pode celebrar, do contrário não.

Celebração significa: o que quer que aconteça é irrelevante – Irei celebrar. A celebração não está condicionada a certas coisas. “Quando eu estiver feliz então irei celebrar” ou, “Quando estiver infeliz não irei celebrar”. Celebração é incondicional; Celebro a vida. Isso traz infelicidade – ótimo, eu celebro isso. Isso traz felicidade – ótimo, celebro isso. Celebração é a minha atitude, incondicional para o que acontece na vida.

Porém surge um problema porque sempre quando uso palavras, essas palavras têm conotações em sua mente. Quando digo ‘Celebre’, você pensa que a gente tem que ser feliz. Como a gente pode celebrar quando se está triste? Não estou dizendo que a gente precisa estar feliz para celebrar. Celebração é agradecimento ao que quer que a vida lhe dê.

Ao que quer que Deus lhe dê, celebração é uma gratidão, é um agradecimento.

Osho, Extraído de: Yoga: The Alpha and the Omega, Vol. 4, 10