APRENDENDO COM A DOR

25/09/2014 09:59

Era final do ano letivo e três meninos se dirigiam para a escola.

Nesse dia os três deveriam apresentar seus trabalhos de ciências para toda a turma e, evidentemente, para o professor. O melhor dos três trabalhos apresentados teria uma avaliação especial que garantiria a aprovação do aluno, já que suas notas não eram nada boas. Assim os meninos entenderam.

Os três levavam o material da apresentação embrulhado para só mostrar no momento certo. Estavam tensos, pois pensavam que dois seriam reprovados. Na verdade, o professor, muito justo, pretendia aprovar os três, caso os trabalhos fossem bons.

- Sobre qual assunto é o seu trabalho? – Perguntou um deles.

- Só posso dizer que é o melhor trabalho de ciências já apresentado em nossa escola. Com a minha apresentação, vou colocar vocês no bolso! Inclusive o nosso professor de ciências. – Respondeu orgulhoso, arrogante.

(O orgulho, um dos mais terríveis sentimentos negativos, faz com que a pessoa o confunda com sua autoestima. Ele é a porta de entrada para um grande número de sentimentos negativos, tais como a cobiça, a ira e a inveja).

Os outros dois meninos, também portadores de grandes e inaceitáveis defeitos, olharam-no com cara de desdém.

- Por que essas caras?!... O meu trabalho será o melhor mesmo, não adianta fazer cara feia. – Riu, satisfeito com suas próprias palavras.

- Pois tenho certeza que o meu é melhor do que o seu. Ficou tão lindo, tão colorido!... Garanto que vou arrasar, pois ficou lindo demais! – Disse o 2º menino, cheio de vaidade.

(A vaidade abre uma fenda moral causando a infelicidade. Leva a pessoa a procurar posições elevadas na sociedade, mas não o faz com responsabilidade, seriedade, mas para aparecer. O vaidoso valoriza muito a vitória aparente no mundo, mesmo que isso lhe traga a infelicidade. Uma pessoa vaidosa pode ser gananciosa, por querer obter algo valioso, só para causar inveja aos outros).

O terceiro menino e menos inteligente, nada dizia, pois sabia que o seu trabalho não iria convencer o professor.  E por isso já tramava alguma coisa que pudesse acabar com a alegria dos dois colegas.

- E você, por que não diz nada?... O que preparou para apresentar? – Perguntou um deles.

- O resultado de tudo isso, prefiro que vejam depois. – Respondeu maquiavélico. Já tinha em mente o que fazer para conseguir ser o vencedor. Seu egoísmo era tanto que pretendia roubar os trabalhos dos colegas para que não pudessem apresentar. E ele seria o vencedor, pois não teria concorrentes.

(O egoísmo é o causador de grande parte das misérias deste mundo. Faz com que o ser humano pense só em si mesmo, esquecendo os outros. Faz com que recorra a tudo, até meios imorais, para conseguir o que deseja, julgando-se melhor que os outros e não se importando com os prejuízos alheios).

Chegaram à escola em silêncio. Deixaram seus trabalhos na sala de aula e saíram. O menino egoísta não perdeu tempo. Voltou e deu um sumiço nos trabalhos dos colegas.

A turma entrou juntamente com o professor de ciências.

- Meninos, vamos começar as apresentações dos trabalhos. Quem começa?

Os colegas prejudicados perderam o chão ao verem que seus trabalhos não estavam ali.

- Ei, cadê o meu trabalho? – Quase gritou o orgulhoso.

- O meu também sumiu! – Quase gritou o vaidoso.

- Mas o meu está aqui e vou apresentar agora. – Sorriu maldosamente o egoísta, sentindo-se vitorioso.

Depois da péssima apresentação do menino egoísta, o professor sentenciou muito triste:

- Bem... infelizmente os três estão reprovados, pois, dois não trouxeram o trabalho e o outro fez um trabalho displicente, com erros e lacunas. Foram irresponsáveis e não conseguiram sair da nota vermelha. Sinto muito e espero que aprendam a lição.

(Julieta Bossois)