Aprenda com o silêncio

11/12/2014 09:54

Aprenda com o silêncio a ouvir os sons interiores da sua alma, a calar-se nas discussões e assim evitar tragédias e desafetos. Aprenda com o silêncio a aceitar alguns fatos que você provocou, a ser humilde deixando o orgulho gritar lá fora, a evitar reclamações vazias e sem sentido. Aprenda com o silêncio a reparar nas coisas mais simples, valorizar o que é belo, ouvir o que faz algum sentido.

 

Aprenda com o silêncio que a solidão não é o pior castigo, existem companhias bem piores. Aprenda com o silêncio que a vida é boa, que nós só precisamos olhar para o lado certo, ouvir a música certa, ler o livro certo.

 

Aprenda com o silêncio que tudo tem um ciclo, como as marés que insistem em ir e voltar, os pássaros que migram e voltam ao mesmo lugar. Como a Terra que faz a volta completa sobre o seu próprio eixo, complete a sua tarefa.

 

Aprenda com o silêncio a respeitar a sua vida, valorizar o seu dia, enxergar em você as qualidades que você possui, equilibrar os defeitos que você tem e sabe que precisa corrigir, e enxergar aqueles que você ainda não descobriu. Aprenda com o silêncio a relaxar, mesmo no pior trânsito, na maior das cobranças, na briga mais acalorada, na discussão entre familiares.

 

Aprenda com o silêncio a respeitar o seu “eu”, a valorizar o ser humano que você é, a respeitar o Templo que é o seu corpo, e o Santuário que é a sua vida. Aprenda hoje com o silêncio, que gritar não traz respeito, que ouvir ainda é melhor que muito falar. Na natureza tudo acontece com poder e silêncio, com um silêncio poderoso; por vezes, o silêncio é confundido com fraqueza, apatia ou indiferença. Pensa-se que a pessoa portadora dessa virtude está impedida de reclamar seus direitos e deve tolerar com passividade todos os abusos.

 

Acredita-se que o silêncio não combina com o poder, pois este tem-se confundido com prepotência e violência. Sempre que a palavra poder lhe vier à mente, lembre-se do Sol que nasce e se põe em profunda quietude; move gigantescos sistemas planetários, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem a quebrar.

 

Acaricia as pétalas de uma rosa sem a ferir, e beija as faces de uma criança adormecida sem a acordar; vamos encontrar na natureza lições preciosas a nos dizer que o verdadeiro poder anda de mãos dadas com a quietude. As estrelas e galáxias descrevem as suas órbitas com estupenda velocidade pelas vias inexploradas do cosmos, mas nunca deram sinal da sua presença pelo mais leve ruído.

 

O oxigênio, poderoso mantenedor da vida, penetra em nossos pulmões, circula discreto pelo nosso corpo, e nem lhe notamos a presença. A luz, a vida e o espírito, os maiores poderes do Universo, atuam com a suavidade de uma aparente ausência. Como nos domínios da natureza, o verdadeiro poder do homem não consiste em atos de violência física.

 

Quando um homem conquista o verdadeiro poder, toda a antiga violência acaba em benevolência. A violência é sinal de fraqueza, a benevolência é indício de poder. Os grandes mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mais perfeita quietude e benevolência.

 

Deus, que é o supremo poder, age com tamanha quietude que a maioria dos homens nem percebe a Sua ação. Essa poderosa força, na qual todos estamos mergulhados, mantém o Universo em movimento, faz pulsar o coração dos pássaros, dos bandidos e dos homens de bem, na mais perfeita leveza. Até mesmo a morte chega de mansinho e, como hábil cirurgiã, rompe os laços que prendem a alma ao corpo, libertando-a do cativeiro físico.

 

O verdadeiro poder chega: sem ruído, sem alarde e sem violência. “Bem aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra”. “Boa Terra em teus pés, Água o bastante em tua semente, bom Vento para o teu sopro, Fogo em teu coração e muito Amor em teu ser”.

 

“O êxito ou o fracasso de sua vida não depende de quanta força você põe em uma tentativa, mas da persistência no que fizer.” E em respeito a você, eu me calo, me silencio, para que você possa ouvir o seu interior que quer lhe falar, desejar-lhe uma vida vitoriosa.

 

Desejo Paz e Silêncio para você.

 

Jean-Yves Leloup