Acima de tudo, "gente"!
Filhos, pais, amigos! Profissionais, colegas de trabalho, estudantes... Papéis que desempenhamos e que nos ajudam a montar quem de fato somos, com todas as características de nossa personalidade e que determinam e influenciam no nosso jeito de ser com o outro.
Diante de todos esses “personagens”, nos acostumamos a esperar por determinadas posturas dos outros, e até mesmo a nos cobrar disso, como se cada tivesse pré determinado a maneira padrão de agir.
Nos acostumamos, inclusive, a criar padrões prontos para a forma como reagimos ao que nos cerca!
Padrões demais, expectativas demais, regras demais... E onde entra o permitir-se ser apenas gente? Sem todos os papéis e personagens, sem padrão, sem buscar corresponder as expectativas próprias ou alheias?
Pois bem! Estamos tão acostumados a sermos os filhos de alguém, às vezes pais de alguém, amigos de algumas pessoas, funcionários ou lideres de outras tantas, alunos e professores eternos mesmo que seja apenas da vida, que infelizmente a lembrança de que há gente por trás disso tudo acaba passando desapercebido.
É normal ouvirmos o quanto se cria expectativas diante das posições profissionais, tais como: médicos são insensíveis e por isso não sentem ou psicólogo sabe lidar tão bem com a dor que nunca se abala...
Enfim, “coisificamos” as pessoas e as definimos apenas por padrões que nós mesmos criamos em nossas mentes, ou pela atividade profissional que desempenham!
Cada um é único e especial em sua individualidade e diante disso, esperar universalidade de sentimentos e comportamentos é uma tentativa de nos reduzirmos a robôs!
“Médicos não sentem”! Será mesmo? Ou talvez apenas precise aprender a não colocar seus sentimentos acima da objetividade quando tratam das doenças que temos? Será que se, se permitissem se sensibilizar o tempo todo conseguiriam dar conta de proporcionar tratamentos às vezes até mais dolorosos que os próprios sintomas que apresentamos?
“Psicólogo não sofre”! Então também não sente, não vive, não passa por desilusões ou relações que fracassam? Ou ainda acreditamos que lidar com a dor do outro nos torna mestres em lidar com nossas próprias dores?
De todas as formas possíveis, criamos utopias para os papéis que desenrolamos, e com isso também aumentamos a chance de nos frustrarmos na relação com o outro. Afinal, somos acima de tudo gente, independente de profissional, status social, faixa etária ou parentesco!
Gente que ama e se decepciona com o próprio amor, que possui desejos e sonhos, gente que perde e gente que ganha! Gente que se envolve com os próprios sentimentos e que as vezes nem sequer dá conta de lidar com eles!
Gente que precisa de gente... Mas acima de tudo e de qualquer coisa, APENAS GENTE!!!
Patricia Galante