"Todo trabalho árduo traz proveito, mas o só falar leva à pobreza"
Vivemos num tempo de facilidades. Muita coisa está facilmente acessível às pessoas: tecnologia, comunicação, conectividade, etc. Temos à nossa disposição as comidas rápidas, as entregas em domicílio e, por incrível que pareça, até, para os religiosos mais apressados, "drive thru" de oração. Essas facilidades, ainda que muitas sejam importantes, estão, também, roubando nosso esforço em fazer, conquistar, melhorar, insistir, etc. Sim, a comodidade produzida pelas facilidades, está, na minha concepção, desenvolvendo uma geração de folgados. De fato, há situações em que as facilidades são muito bem vindas, visto que agilizam o nosso dia por não consumirem nosso tempo, porém, quando o assunto é trabalho, mesmo com todas as facilidades que nos envolvem, a dedicação se faz necessária caso queiramos um emprego melhor, um salário melhor, um melhor reconhecimento. Há profissionais que se destacam entre os outros. Geralmente, são pessoas que, antes de qualquer coisa, gostam do que fazem e, assim, sentem prazer em produzir. Por outro lado, há profissionais que não fazem o que gostam, porém, estão presos ao trabalho porque não tiveram outra oportunidade, ou porque têm outras responsabilidades que dependem do seu trabalho, tais como filhos, cônjuges, dívidas. E, ainda, há aquelas pessoas que não trabalham - nem por prazer e nem por responsabilidade - geralmente, pessoas assim, têm os pés fora do chão e a mente a divagar pelos sonhos irrealizáveis. Conheço pessoas que sonham com coisas grandes, contudo, na hora de pôr as mãos na massa e trabalhar para que o sonho possa, em algum momento, se tornar realidade, encontram todo o tipo de desculpa e empecilhos ao trabalho. Às vezes ouço adolescentes falando sobre o sonho de ter um carro super equipado, uma moto potente, um apartamento bem decorado, porém, quando olho para a maneira como estão vivendo, percebo que, se permanecerem da maneira como estão, ou seja, estagnados, infelizmente, serão pessoas frustradas com a vida. Lembro-me de amigos da escola, no ensino médio. Lembro-me dos sonhos, projetos, desejos, que compartilhávamos. Cada um tinha uma idealização de carreira, porém, com o passar dos anos, quando encontro boa parte deles, percebo que, em algum momento, ficaram esperando que as coisas caíssem do céu. Uns se tornaram pais e mães em plena adolescência; outros foram pelo trágico caminhos das drogas; alguns já foram - outros estão - presos; e há até aqueles que já morreram por causa da criminalidade. Ora, sonhar, planejar, idealizar, são atitudes naturais e necessárias, contudo, planejar e não realizar através de atitudes, implica, necessariamente, em fracasso e frustração. Com exceção dos corruptos, as pessoas que têm dinheiro, casas, carros de luxo, vida financeira estável, geralmente, são pessoas que trabalham muito, se esforçam bastante, e investem em si mesmas o tempo todo. Nada cai do céu, pelo contrário, todas as coisas demandam muito esforço pessoal, muito trabalho, e, portanto, tempo. O simplismo religioso de que Deus enriquece aqueles que contribuem em determinadas religiões é uma heresia sem tamanho, visto que, a despeito do que muitos pensam, o trabalho não é castigo, pelo contrário, o trabalho é o meio pelo qual Deus dignifica o homem, torna-o produtivo e criativo. Portanto, se você sonha com uma vida melhor, então, conscientize-se de que deverá trabalhar muito, evitar gastos desnecessários, abdicar dos modismos populares e, em muitas situações, conformar-se com o fato de não ser aceito em determinados grupos, visto que você não terá o celular do momento, um carro clássico, roupas de determinadas grifes, não poderá bancar as atividades - jantares, teatro, festas - que alguns participam. Para alguns, dinheiro e prestígio vieram de berço, porém, para a grande maioria dos brasileiros que sonham com essas coisas, tudo é algo a ser conquistado. Mas é válido lembrar que, alguns sonhos, infelizmente, nem com o trabalho de toda uma vida serão realizados. Por isso, coloque o pé no chão, defina os valores da sua vida, e mãos à obra.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira